Quem ganha com a rivalidade?

   

  Recentemente Lacey Baker levou mais uma vez , e não foi questão de sorte, o Street League. Em segundo lugar ficou a Letícia Bufoni, e em terceiro Mariah Duran. Mas gostaria de focar na Lacey e Bufoni. Observem seus "estilos" como pessoas e skatistas. São bem diferentes, não é mesmo??

Há um tempo atrás Lacey foi à público desabafar sobre como as marcas tratam diferentemente as skatistas, dando mais oportunidades às meninas que passam uma imagem mais "interessante" ao público (que não é o feminino, acreditamos), enquanto o desempenho no skate não é o ponto principal quando se trata de skate feminino. Ou não mais...... Porque com a coragem de Lacey, ela não apenas conseguiu ganhar o espaço que merecia, e hoje está na equipe de skatistas da Nike, junto com a Bufoni. Não irei comentar tudo sobre as mais relevantes entrevistas que já vi sobre a Bufoni a respeito de skate feminino, mas a maioria delas são  positivas também. 

Imagem: Página Girls Shred

   Primeiramente.....( rs!) precisei falar sobre elas duas, pois representam os pólos desta reflexão. E agora gostaria de perguntar:

   Quem ganha com a rivalidade no skate feminino???

   E não estou falando da rivalidade saudável de um campeonato. Estou falando da rivalidade que trazemos para a vida pessoal como skatista. Alimentar uma rivalidade mesquinha não gera consequências boas para nenhum lado. E muitas vezes, a rivalidade não é alimentada nem pelas próprias skatistas, mas pela mídia e por grupos de skatistas que acham divertido desmerecer uma moça para elevar a estima da outra. 

   A mídia sempre vai procurar a "beleza" que a sociedade quer ver. E como é a nossa sociedade? Ela é saudável? Mulheres ainda são tratadas muitas vezes como objetos, são menosprezadas em sua capacidade intelectual , em sua capacidade de conquista. Nossa sociedade ainda aponta o corpo perfeito que as mulheres precisam ter, ainda aponta a mulher que "presta e a que não presta". E isso, de alguma forma respinga sobre o skate.

Imagem: Pinterest

   Quando a Lacey desabafou, quando entrou para a Nike, e quando ela ganhou pela segunda vez o Street League, ela mostrou que todas merecem espaço, e que suas conquistas deveriam ser medidas pelo seu skate, e não pela sua aparência ou estilo. Foi um chute bem forte na base que ainda estimula a rivalidade no skate feminino. Um chute bem forte na mídia, nas marcas, e na sociedade. Toda mulher tem o direito de andar de skate do jeito que ela quiser, seja mais "arrumadinha" ou mais "cool". Não importa. O que importa é o skate. E é isso que queremos que todos vejam, e parem de tentarem encaixar o que é certo ou errado numa skatista, alimentando rivalidades antes não existentes.

   Mulheres, a Lacey já deu a primeira porrada . Precisamos continuar abrindo esse caminho, mas agora em massa. Por isso, é importante que sejamos todas "irmãs", e estimularmos umas às outras. Porque quem ganha com a rivalidade não somos nós! É a mídia, a indústria, e o machismo. 

   E aí, vamos para a sesh? Te encontro no caminho!