09/01/2013

Os superiores da sociedade.


   Acabo de ler o texto do senhor Reinaldo Azevedo [revista Veja] sobre o lamentável acontecimento na Praça Roosevelt, São Paulo. A maioria de vocês já deve ter visto o vídeo no youtube, então não perderei mais meu tempo postando isso aqui. Meu foco agora é outro. Meu foco é sobre o enorme preconceito que envolve os skatistas, levando como exemplo o texto do senhor Reinaldo, e seus comentários.



   Bom, eu me senti ofendida sim. Afinal, sou skatista. E não é porque eu ando de skate, que eu seja uma desocupada, uma drogada, ou algum outro adjetivo que muitos na sociedade gostam de abrir a boca bem cheia para falar. Saibam que eu sou uma cidadã como qualquer outra pessoa, que tenho meus deveres e direitos dentro da sociedade. 
   Vivemos hoje numa sociedade em que alguns grupos se acham melhores que outros, e se acham na capacidade de julgar aqueles que não são iguais a eles. Acham que só porque uma pessoa não usa a mesma roupa que ela, não usa o mesmo penteado, não lê os mesmos livros, elas não possuem direitos dentro do MESMO ESPAÇO de convivência. Skatistas assim como muitos cidadãos, trabalham, tem família, contas a pagar, fazem faculdades, e acreditem [mas não desmaiem de susto, por favor] muitos possuem até pós-doutorado. Muitos trabalham para que você, pessoa preconceituosa, tenha uma vida melhor. São médicos, advogados, jornalistas, engenheiros, etc. Tá achando que skatista é sinônimo de vagabundagem? Muito pelo contrário.... Além de trabalhar e estudar, ainda tiramos tempo para andar de skate.
   Então, senhor Reinaldo, peço com toda a humildade do mundo que não use mais de palavras preconceituosas, ou com tons de agressão para se referir aos skatistas, pois estará me atingindo de forma direta, e eu não gosto [nem nenhuma outra pessoa, skatista ou não] de ser agredida ou sofrer atos preconceituosos. O senhor tem todo o direito do mundo de expressar sua opinião sobre o ocorrido, mas sem agredir outra pessoa.
   O que escrevo aqui não é algo exclusivo para o senhor da Veja, e sim para todas as pessoas que se acham melhores que as outras. Saibam que vocês só perdem com esse tipo de atitude, porque como eu disse antes, skatista é um cidadão como qualquer outro, e um dia você pode precisar dele , com ou sem o skate no pé. Chega de abrir a boca e falar "-Esses vagabundos! Esses drogados! Esses arruaceiros! Esses marginais!".  Que preconceito besta!
   Eu entendo também que muitas vezes um texto polêmico é mais interessante para dar ibope e garantir o emprego, a um texto comum, simples, sem muitas "sardinhas". Mas eu entendo também que algo pode ser polêmico sem ser preconceituoso. Aprendi a classificar também que existem textos e textos, a mídia marrom está aí para confirmar o que eu digo. Só tem uma coisa que eu não aprendi, que é justamente aceitar agressão. E sabe o que eu, pessoa intitulada arruaceira , drogada e marginal faço? Digo que não gostei e peço para que não me agrida novamente, por favor, e com docinho. Mas eu não peço só por mim, peço por todos os skatistas, e principalmente por todas as meninas que andam de skate também, e que se encaixam dentro desse quadro montado por vocês sobre "o que é um skatista".
   De qualquer forma, senhor Reinaldo, eu já desabafei, e pedi com delicadeza que o senhor repense sobre alguns conceitos. Fico muito agradecida, não só pelo senhor, mas também como todos os outros cidadãos que odeiam os skatistas, e que irão refletir sobre este texto hoje. 
   Ah, e aproveito para pedir desculpas, caso algum dia, algum skatista tenha agredido verbalmente ou fisicamente um de vocês. Isso não é skatista, é mal-educado mesmo. Assim como tem muitos outros cidadãos por aí assim, não é?!

Um abraço!


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